Reconhecimento
Neles os brasileiros sempre confiam
Índice de Confiança Social aponta, pela 11ª vez seguida, Bombeiros como os primeiros do ranking
Paulo Rossi -
Gratificante. Essa é a palavra usada pelo sargento Ary Jahnke, membro do Corpo de Bombeiros de Pelotas, ao descrever os resultados do Índice de Confiança Social (ICS) 2019, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Pelo 11º ano consecutivo, as corporações lideram a confiança dos brasileiros nas instituições; em segundo lugar está a Polícia Federal (PF), seguida pelas igrejas. Os partidos políticos e o Congresso Nacional aparecem como os últimos do ranking.
O Índice de Confiança Social ordena entre 20 as instituições nas quais os brasileiros depositam mais confiança, com base na relação firmada entre cada entrevistado e o que a instituição representa. Até o ano passado, as igrejas se mantinham em segundo lugar no índice, seguidas pela PF, incluída nas pesquisas em 2016. Desde 2009, o Corpo de Bombeiros está em primeiro lugar, resultado visto como compensador e gratificante pela corporação de Pelotas. “Nós trabalhamos em prol da preservação da vida (...) Acredito que estamos caminhando no caminho certo”, avalia o sargento Janhke. Essa confiança, para ele, é sentida no contato entre as pessoas, quando são chamados e precisam, por exemplo, atender sinistros em residências. Fora Pelotas, o Corpo de Bombeiros atende outros 11 municípios da Zona Sul.
O ICS mede também os índices com base nos segmentos sociodemográficos, como renda, idade e sexo biológico dos entrevistados. O acesso à informação é um dos fatores principais que apontam os resultados, como indica a cientista social e política, Elis Radmann. “Quanto mais pobres, menos a informação.” Esse envolvimento é mais evidente nos índices de confiança relacionados ao governo federal, à Presidência da República e ao sistema eleitoral. Das classes A e B (52% de confiança) para a C, a confiança nas eleições cai três pontos; já da C para D e E, cai para 44%. A Presidência da República, nas classes mais abastadas, tem uma confiança de 51%, número que cai para 43% em relação às classes D e E. A situação relacionada aos sindicatos, no entanto, é ao contrário: a confiança é de 49% nas classes D e E, comparados aos 40% nas classes A e B.
“As discussões sobre economia, política e direito deveriam estar presentes na vida das pessoas desde o Ensino Fundamental”, pontua Elis. Assim como as pessoas de baixa renda, as mulheres, pouco envolvidas com a política devido às construções sociais, também apontam resultados diferentes, desta vez em relação ao sexo oposto. Em todos os tópicos que têm ligação direta com a política brasileira e seus governantes, elas aparecem com um índice de confiança inferior ao dos homens, o que, segundo a cientista social, se explica pela exclusão destas das discussões desses assuntos. Entre os tópicos, estão o Ministério Público (confiança de 61% dos homens e 57% das mulheres), Poder Judiciário (56% homens e 54% mulheres), governo federal (53% homens, 47% mulheres), sistema eleitoral (50% homens, 47% mulheres) e governo da cidade onde mora (45% homens, 43% mulheres).
Além disso, de 2009 até o último ano, a confiança nas igrejas esteve presente no segundo lugar. Isso se explica por conta do longo período de preocupações dos brasileiros, tanto em quesito da política como da economia. “Quanto maiores as dores da sociedade, a tendência sempre é o amparo espiritual”, explica Elis. Durante esses dez anos, os índices se mantiveram entre 76% e 66%. Esse menor índice é de 2013, ano em que todos os itens do ranking tiveram seus piores indicadores. Segundo a cientista social, as manifestações nacionais que ocorreram em julho deste ano são o principal motivo, momento em que a desconfiança era o principal sentimento dos brasileiros.
Outro indicador significativo é o aumento da confiança de 2018 para 2019 em setores como o Congresso Nacional, partidos políticos, governos municipais e o sistema eleitoral. No primeiro, houve um aumento de 88% nos resultados do último ano pra esse, antes a confiança era de 18% e, agora, de 34%.
Pesquisa
O Ibope Inteligência calculou o Índice de Confiança Social deste ano através de mais de duas mil entrevistas, distribuídas em 144 municípios. O processo foi realizado entre 11 e 15 de julho, com questionários estruturados com entrevistas face a face.
ICS 2019 - resultado
►Corpo de Bombeiros 88%
►Polícia Federal 72%
►Igrejas 71%
►Forças Armadas 69%
►Escolas públicas 66%
►Polícia 63%
►Meios de comunicação 61%
►Empresas 60%
►Bancos 59%
►Ministério Público 59%
►Organizações da Sociedade Civil 58%
►Poder Judiciário, Justiça 55%
►Governo federal 50%
►Presidente da República 48%
►Eleições, Sistema Eleitoral 48%
►Sistema Público de Saúde 45%
►Sindicatos 45%
►Governo da cidade onde mora 44%
►Congresso Nacional 34%
►Partidos políticos 27%
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